Cimeira do G-20<br>enquadramento necessário
O perigo de uma resposta aventureira de força à crise capitalista é bem real
Independentemente do que nela vier a ser acordado (escrevemos este artigo antes da sua realização) e dos seus resultados práticos imediatos, a cimeira de Londres do G-20 constitui um acontecimento político relevante que reflecte a profunda crise do sistema capitalista que está a assolar o mundo.
Claro que é mais que discutível que um fórum com a composição do G20 tenha legitimidade para tomar decisões que interessam vitalmente a todos os países e povos do mundo. A ONU seria o marco adequado, uma vez liberta da instrumentalização imperialista de que tem sido vítima, reassumindo o seu papel fundador de instrumento da paz e da cooperação internacional e envolvendo democraticamente os cerca de duzentos países que a integram. Mas é muito significativo que as atenções estejam voltadas, embora em muitos casos com ilusões e esperanças injustificadas, não para o G7 ou qualquer outra instância inteiramente dominada pelas grandes potências capitalistas, mas para uma cimeira que além destas envolve também o Brasil, a China, a Índia, a Rússia e outros países que têm um peso crescente nas relações económicas e políticas internacionais.
Pode com razão dizer-se que a crise económica e financeira do capitalismo é tão profunda que os próprios EUA e seus aliados - ideologicamente derrotados no seu fundamentalismo neoliberal, a braços com a ineficácia das medidas de salvação capitalista adoptadas e inquietos perante a possibilidade de explosões sociais e desenvolvimentos revolucionários que ponham em causa a globalização imperialista – necessitam de partilhar responsabilidades e alcançar compromissos que neutralizem evoluções que lhes sejam desfavoráveis. Mas isso reflecte uma realidade bem mais profunda. Está em curso uma nova e complexa arrumação de forças no plano internacional que o grande capital transnacional e o imperialismo têm obrigatoriamente de levar em consideração. Arrumação que põe em causa a «nova ordem» imperialista anunciada por Bush pai, que já fez correr rios de sangue na ex-Jugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, na Palestina e noutros pontos do mundo mas que a resistência dos trabalhadores e dos povos impediu de consumar. Uma nova arrumação de forças que, como o XVIII Congresso do PCP assinalou, põe particularmente em evidência o enfraquecimento da posição internacional dos EUA como potência dominante ao mesmo tempo que traduz o crescente papel da China e de outras «potências emergentes», sem esquecer as pretensões da União Europeia como bloco imperialista.
Só por si estas são razões mais do que suficientes para avaliar da importância da reunião de Londres e prestar particular atenção aos seus resultados. Mas o contexto internacional em que esta tem lugar, a relevância e urgência das questões agendadas, as sérias divergências e contradições que se manifestam sobre o modo de lidar com a crise capitalista, conferem-lhe uma tonalidade «histórica». È particularmente significativo que o edifício de Bretton Woods comece a ser questionado e que o papel do dólar norte-americano como moeda de reserva esteja a ser posto em causa, nomeadamente pela China. Como significativo será que, como tudo indica, o G20 passe ao lado de medidas de fundo para enfrentar a dramática situação social que aí está, medidas que pressupõem uma viragem que só a intensificação da resistência e da luta dos trabalhadores e dos povos poderá alcançar.
A importância da reunião do G 20 não deve entretanto distrair-nos de outros acontecimentos destinados a ter significativo impacto nas relações internacionais, como a cimeira da NATO comemorativa do 60.º aniversário desta aliança agressiva em 4 de Abril, ou a cimeira «informal» União Europeia/EUA de 5 de Abril em Praga, significativamente precedidas da inquietante declaração de Obama de 27 de Março anunciando uma nova escalada agressiva na Ásia central. O perigo de uma resposta aventureira de força à crise capitalista é bem real. É necessário dar-lhe persistente combate.
Claro que é mais que discutível que um fórum com a composição do G20 tenha legitimidade para tomar decisões que interessam vitalmente a todos os países e povos do mundo. A ONU seria o marco adequado, uma vez liberta da instrumentalização imperialista de que tem sido vítima, reassumindo o seu papel fundador de instrumento da paz e da cooperação internacional e envolvendo democraticamente os cerca de duzentos países que a integram. Mas é muito significativo que as atenções estejam voltadas, embora em muitos casos com ilusões e esperanças injustificadas, não para o G7 ou qualquer outra instância inteiramente dominada pelas grandes potências capitalistas, mas para uma cimeira que além destas envolve também o Brasil, a China, a Índia, a Rússia e outros países que têm um peso crescente nas relações económicas e políticas internacionais.
Pode com razão dizer-se que a crise económica e financeira do capitalismo é tão profunda que os próprios EUA e seus aliados - ideologicamente derrotados no seu fundamentalismo neoliberal, a braços com a ineficácia das medidas de salvação capitalista adoptadas e inquietos perante a possibilidade de explosões sociais e desenvolvimentos revolucionários que ponham em causa a globalização imperialista – necessitam de partilhar responsabilidades e alcançar compromissos que neutralizem evoluções que lhes sejam desfavoráveis. Mas isso reflecte uma realidade bem mais profunda. Está em curso uma nova e complexa arrumação de forças no plano internacional que o grande capital transnacional e o imperialismo têm obrigatoriamente de levar em consideração. Arrumação que põe em causa a «nova ordem» imperialista anunciada por Bush pai, que já fez correr rios de sangue na ex-Jugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, na Palestina e noutros pontos do mundo mas que a resistência dos trabalhadores e dos povos impediu de consumar. Uma nova arrumação de forças que, como o XVIII Congresso do PCP assinalou, põe particularmente em evidência o enfraquecimento da posição internacional dos EUA como potência dominante ao mesmo tempo que traduz o crescente papel da China e de outras «potências emergentes», sem esquecer as pretensões da União Europeia como bloco imperialista.
Só por si estas são razões mais do que suficientes para avaliar da importância da reunião de Londres e prestar particular atenção aos seus resultados. Mas o contexto internacional em que esta tem lugar, a relevância e urgência das questões agendadas, as sérias divergências e contradições que se manifestam sobre o modo de lidar com a crise capitalista, conferem-lhe uma tonalidade «histórica». È particularmente significativo que o edifício de Bretton Woods comece a ser questionado e que o papel do dólar norte-americano como moeda de reserva esteja a ser posto em causa, nomeadamente pela China. Como significativo será que, como tudo indica, o G20 passe ao lado de medidas de fundo para enfrentar a dramática situação social que aí está, medidas que pressupõem uma viragem que só a intensificação da resistência e da luta dos trabalhadores e dos povos poderá alcançar.
A importância da reunião do G 20 não deve entretanto distrair-nos de outros acontecimentos destinados a ter significativo impacto nas relações internacionais, como a cimeira da NATO comemorativa do 60.º aniversário desta aliança agressiva em 4 de Abril, ou a cimeira «informal» União Europeia/EUA de 5 de Abril em Praga, significativamente precedidas da inquietante declaração de Obama de 27 de Março anunciando uma nova escalada agressiva na Ásia central. O perigo de uma resposta aventureira de força à crise capitalista é bem real. É necessário dar-lhe persistente combate.